SUA EXCELÊNCIA, O MOLEQUE
Ao meu comportado(!...) filho LÚCIO ÉRCIO
Mesmo dormindo, ele sonha
- O moleque sem-vergonha –
Com vindouras travessuras:
Mexer em casa de caba,
Roubar aquela goiaba
E outras iguais diabruras.
Franzino, mas não doente,
Não tem medo de valente
O decidido guri!
Topando qualquer parada,
Uma cara amarrotada
Deixa sempre atrás de si...
No papagaio é doutor,
Tem curso superior
De pião e baladeira.
Sabe pescar com minhoca,
Vidro quebrado ele soca,
Assovia e dá rasteira.
Vai à “guia” do cajueiro,
Sobe até em limoeiro,
Cai aqui, levanta lá...
A mãe larga até novela
Pra dar-lhe uma ensinadela:
Procura... Ele não está.
Ah! Menino perigoso!
Põe rabo até no Tinhoso,
Quebra tudo, pinta o sete!
Num só bolso ele sapeca
Cerol, revistas, peteca,
Foguetinho e canivete!
Ao vê-lo, porém, relembro:
De janeiro até dezembro
Nessa idade também eu
Era rei no meu quintal!
Tudo isso fiz igual
Num tempo que já morreu.
Hoje custa suportá-lo...
Mas se dele aqui eu falo,
Em mim ódio algum não medra.
E a musa já silencia:
Quem não foi moleque, um dia,
Lhe atire a primeira pedra!
Emir Bemerguy, 20/08/1974.
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