sábado, 23 de março de 2013

Defunto apressado

Neste poema, de 1976, papai brinca com sua fama de apressado, conhecida por toda a família:



DEFUNTO APRESSADO


Às carreiras eu passo pela vida...
Meu relógio consulto a todo instante...
Sou afobado, elétrico, nervoso:
Tudo o que faço é sempre galopante...

Herdei a pressa... Prêmio de ancestrais...
O meu avo paterno era afamado:
Exigia que filho seu nascesse
Um mês antes do tempo estipulado...

Serei capaz de, no meu próprio enterro,
Lembrar a todos - rígido, mas sério:
- Vamos, ó gente! Já são cinco horas!
Conduzam-me, correndo, ao cemitério!...

Emir Bemerguy, 30/10/1976.

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