sexta-feira, 8 de março de 2013

A boneca e o doutor

Um poema que papai fez em 1975, depois de observar uma brincadeira de meus irmãos Lúcio e Lila, então com 6 e 4 anos, respectivamente.

A BONECA E O DOUTOR
Aos meus filhinhos LILA ROSA e LÚCIO ÉRCIO

A LILA ROSA é deste tamanhinho:
Só quatro anos e três palmos tem.
Papai Noel lhe trouxe uma boneca
Que em seus bracinhos brinca, vai e vem...

Ontem, porém, depois de comer folhas,
A “Magali” apareceu doente:
Calada, fria, nem chorava mais,
Entristecendo a mãe e toda gente.

LILINHA chama o médico da casa,
Formado na cartilha do ABC:
LÚCIO ÉRCIO revira a bonequinha,
Apalpa, cheira e nada, nada vê.

Mas bota banca e diz, muito importante:
- É nó na tripa o mal da ‘Magali’.
Vou operá-la agora, pois o caso
É o mais difícil que até hoje eu vi.


E uma gilete velha funciona,
Rasgando o ventre mole da boneca...
A mãe ajuda e vai buscar agulha,
Linha e dedal para o doutor sapeca.

LÚCIO retira a estopa da barriga
E uns panos velhos soca em seu lugar...
Depois costura (espeta um dedo e chora...),
Passa receita e volta a traquinar.

Tudo acabado! LILA ROSA, alegre,
Troca o vestido da filhinha amada
E lhe prepara um almoço especial:
Só pétala de rosa bem picada!

Somente o que o doutor recomendou
“Magali” no futuro comerá.
Quebranto, nó na tripa - tudo causam
Aquelas folhas roxas do tajá!...

14/4/1975

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