MAESTROS DE PLANTÃO
É de assombrar o que se vê por lá:
Tudo se TOCA - do PIANO à FLAUTA,
Do ACORDEON ao simples AFUXÊ.
Qualquer que seja o SOM, ele entra logo em PAUTA:
É VIOLINO, GAITA, XILOFONE,
O CLARINETE, BERIMBAU, TROMBONE!
O curió da casa CANTA em MI BEMOL;
“SWING”, o cachorrinho, sempre late em SOL.
O galo do quintal sabe CHOPIN de cor
E até o pato grasna em lindo RÉ MENOR!
A lavadeira esfrega olhando PARTITURAS
E a cozinheira é mestra em ÓPERA e frituras...
A plebe rude fica embasbacada,
Pois, nesse time, quem não TOCA nada,
Entende de VIOLÃO e BANDOLIM!
Não sei se existe nesta pátria amada
Outra família HARMONIOSA assim!
E há certos fatos sobrenaturais.
Em três versinhos, tudo a gente diz:
Um deles chega a EXECUTAR no ÓRGÃO
Dificílimas peças MUSICAIS
Usando só o queixo e a ponta do nariz!...
Mas um segredo aqui eu testemunho:
Toda essa turma, ao pôr os pés no mundo,
Abriu o berrador já de VIOLÃO em punho!
Por isso, ó meu FONSECA, é que usas e abusas
Das FUSAS, SEMIFUSAS (para mim, confusas... ),
E Santarém querida mimoseias
Com PENTAGRAMAs, CLAVES e COLCHEIAS!
A qualquer hora, nesse alegre lar,
Os SONS viajam, ternos, pelo ar...
A todo instante escuta-se CANÇÃO,
Pois há sempre um MAESTRO de plantão!
Enfim, essa Família é bem mais AFINADA
Do que tentei dizer na infame versalhada!
Emir Bemerguy, 22/03/1975
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