A LIÇÃO DO NATAL
À minha filha Telma Suely, inspirado em uma ocorrência real.
Notei, filhinha,
que ficaste triste
Nesta manhã bonita
de Natal:
Não recebeste
aquilo que pediste...
Veio a amargura...
É muito natural.
Sofro contigo,
saibas; não estás sozinha.
Não mereces,
porém, tamanho desencanto,
Maior, muito maior
que a tua pessoinha.
Coloco o meu
protesto no papel.
E vou agir:
prometo-te, garanto
Quebrar a cara do
Papai Noel!...
Achega-te ao meu
colo.
Deixa que eu beije
esse rostinho sério;
Com ternura e
carícias, sei que te consolo.
Juro: também é
minha a mágoa que te alcança.
Mas, que se há de
fazer, pobre criança?
Papai Noel,
Telminha, é como a nossa vida:
Tu brincas de
sonhar...
Queres o amor, o
céu, o vento, o mar...
Desejas algo
apaixonadamente.
E ganhas outra
coisa, muito diferente...
Peço, entretanto,
a Deus que aprendas a lição.
É bom, é bom que a
gente, aos poucos, se acostume,
Mesmo a chorar de
raiva, angústia ou de ciúme,
A escutar do mundo
esta palavra: “NÃO!”.
(Emir Bemerguy - Dia
de Natal, 1970)
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