MEIO SÉCULO E UNS
QUEBRADOS... DE NAMORO!
15
de novembro de 1975, sábado - Acompanhei, hoje, o
enterro de meu amigo Luciano Santos, tocador competente de
clarinete e operador do velho “Cine Olímpia” durante décadas e protagonista de uma das mais curiosas
histórias
de amor de todos os tempos. Durante nada menos de CINQUENTA E DOIS ANOS namorou Guiomarina, a quem vi,
debulhando-se
em lágrimas, junto ao esquife.
Sofrendo forte oposição por parte da mãe da moça, o idílio foi indo, foi
indo... Quando a senhora morreu, três décadas de mãos dadas, sonhos e olhares ternos haviam
transcorrido... Alguém perguntou:
- Como é, Luciano, agora
sai mesmo
o
casório?
- Ainda é cedo - respondeu o
brincalhão galã. - Vou começar a estudar melhor o gênio da noiva...
Outros
vinte e dois anos voaram... O namoro prosseguiu, firme, até que a morte,
aborrecida com a inusitada demora, decidiu fechar a carranca e pôr fim à incrível brincadeira.
(Emir Bemerguy – “Santarenices” – 1975)
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