O PIOR
DOS ATEUS
“Por
que me dizeis ‘Senhor! Senhor!’ e não fazeis o que vos mando?” - Lucas 6,46
É
uma afirmativa que sempre escandaliza certos católicos rotulados de “praticantes”:
pode-se ir à igreja diariamente, conhecer de cor a Bíblia inteira e, na vida...
ser ateu! Sim. Ateu prático - aquele que muito fala em Deus, mas O exclui
cuidadosamente de sua rotina cotidiana.
O
ateu teórico promove publicamente sua descrença, fazendo alarde de um
circunstancial e pedante ceticismo, que dura enquanto persistem as calmas da existência,
as situações normais, sem sobressaltos e medrosas incertezas. Mas na hora do
desastre, no pavoroso momento da catástrofe, seu pretensioso esquema racionalista
se desmonta num passe de mágica... E ele, feito para Deus como qualquer homem,
reza, suplica e pede ajuda ao Senhor que negara. “Se o Pai do céu me der vida e
saúde, ainda hei de provar que Ele não existe!” - sentenciou o humorista Millôr
Fernandes, definindo genialmente o ridículo ateísmo de identificadas elites.
O
ateu prático - o pior de todos! - tem-se, ao contrário do outro, como o dono da
Fé, o modelo do crente. Quanta piedade... domingueira e de sacristia! Nos
negócios e diversões, nas leituras e na criação dos filhos, age, porém,
exatamente como se Deus não existisse! É adúltero, hipócrita, desonesto e mau,
repetindo as mesmas iniquidades dos réprobos sem nenhum código moral a lhes
reger o comportamento!
É à gente fingida assim que Se dirige Cristo
na contundente indagação citada no início desta página. Se vivo a bater no
peito, proclamando minha convicção religiosa, tenho de fazer o que determina o
meu suposto Divino Mestre, sendo luz na comunidade, dando diários testemunhos
de coerência com o Evangelho e de fidelidade à Igreja a que juro pertencer.
Só
desta forma - vivendo a doutrina - não se correrá o risco supremo e
irremediável de ouvir, quando já não houver tempo para mais nada: - “Ide,
malditos, para o fogo eterno, pois nunca vos conheci!”
Ensina-nos,
ó Jesus Salvador, a fazer de nossas vidas um cristalino espelho de Ti!
(Emir Bemerguy – “Sementes
para Passarinhos – Meditações” – 1975)
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