Este poema de meu pai foi feito quando da morte do grande escritor e poeta santareno Paulo Rodrigues dos Santos. Quando o caixão de papai entrava no jazigo, meu irmão Toninho leu este texto, como uma última homenagem ao nosso poeta:
HORA DE PRECE
(À memória do amigo Paulo Rodrigues dos Santos)
Poetas, meu Deus,
No instante em que os levas
Reduzes a trevas
Intenso clarão!
Cantando os teus astros
Se vivem os vates,
Por que os abates,
Os matas, então?
A lua lagrima...
Seu pranto orvalhado
Faz úmido o prado,
E diz ela assim:
“Dos lindos poemas
Eu sou testemunha
Que o bardo compunha
Olhando pra mim.”
A bela cidade
Que tanto ele amava
E em versos cantava
De raro primor,
À beira do esquife
Detém-se, rezando,
E atira, chorando,
Lá dentro uma flor!...
Saudade... Tristeza...
Nos olhos da gente
A lágrima ardente
Desponta, indiscreta...
A estrela se apaga...
A rosa fenece
A hora é de prece:
Morreu o poeta!...
15/04/1974
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