Foto: Emir Bemerguy Filho |
A lua é minha!
Chegamos à Lua!
Incrível, senhores!
Retumbam tambores
Saudando os heróis
Que voltam, triunfantes
De infinitas alturas,
Vencendo lonjuras
Varando arrebóis!
Os homens exultam,
E em festas ruidosas
Envolvem de rosas
Os reis da amplidão.
No instante em que o bando
Mil céus vai pisando,
Apenas fitando
Da Lua o clarão …
Na Lua eu já ando
Há anos sem fim,
Mas nunca de mim
Ninguém se lembrou …
Viajo às estrelas,
Navego aos planetas,
Conheço cometas
E anônimo sou …
Não subo em foguetes …
Meu módulo é o verso
Apenas imerso
Na luz do luar …
E sempre que entendo
Me lanço ao infinito
Num vôo bonito …
Que lindo é sonhar!
Da Lua que eu ponho
Nos versos que faço
Não tiro pedaço
E amostras infestas …
Suas ermas crateras,
Seus lúgubres mares
São mortos luares
De velhas serestas.
“A Lua é nossa!”
Proclamam, realistas
Os tais cientistas …
Que farsa completa!
Pois fiquem sabendo,
Ilustres doutores,
Que a Lua, senhores,
Pertence ao poetas!
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