terça-feira, 27 de novembro de 2012

A lua é minha!

Foto: Emir Bemerguy Filho
Ao ver a bela lua que fez ontem, a primeira lua cheia após a morte de meu pai, lembrei do poema abaixo, que ele fez quando o homem ali pisou pela primeira vez, em julho de 1969:

A lua é minha!

Chegamos à Lua!
Incrível, senhores!
Retumbam tambores
Saudando os heróis 

Que voltam, triunfantes
De infinitas alturas,
Vencendo lonjuras
Varando arrebóis! 

Os homens exultam,
E em festas ruidosas
Envolvem de rosas
Os reis da amplidão. 

No instante em que o bando
Mil céus vai pisando,
Apenas fitando
Da Lua o clarão … 

Na Lua eu já ando
Há anos sem fim,
Mas nunca de mim
Ninguém se lembrou … 

Viajo às estrelas,
Navego aos planetas,
Conheço cometas
E anônimo sou … 

Não subo em foguetes …
Meu módulo é o verso
Apenas imerso
Na luz do luar … 

E sempre que entendo
Me lanço ao infinito
Num vôo bonito …
Que lindo é sonhar! 

Da Lua que eu ponho
Nos versos que faço
Não tiro pedaço
E amostras infestas … 

Suas ermas crateras,
Seus lúgubres mares
São mortos luares
De velhas serestas. 

“A Lua é nossa!”
Proclamam, realistas
Os tais cientistas …
Que farsa completa! 

Pois fiquem sabendo,
Ilustres doutores,
Que a Lua, senhores,
Pertence ao poetas!


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