Papai disse que não tenho
Idade pra namorar,
Mas mamãe, aos treze anos,
Já queria era casar...
Fiquei noiva um destes dias;
Casamento está marcado.
Vou ver se antes do nó
Eu me divirto um bocado...
Rezo muito a Santo Antônio
Pra que não me deixe só.
Tenho medo, muito medo
De ficar no caritó.
Eu sonhei com Santo Antônio
Que me ralhou, certa vez:
“Você pede pra casar,
Mas não diz com qual dos três...
Eu tenho um fã tremendão
Que usa calças de veludo.
Papai quer ver o demônio,
Mas não o meu cabeludo.
Já sou também debutante,
Porém nunca namorei.
Mas pro ano, a esta altura,
Quem sabe não me casei?
Perguntaram-me se tenho
Vocação para ser freira.
Eu teria, se pudesse
Namorar a vida inteira.
Um rapaz foi lá por casa,
Com muita lábia e topete.
Papai, distinto, expulsou-o:
Ele correu qual foguete!
Meu namorado falou,
Respeitoso, com papai.
O velho nem respondeu:
Muito mal a coisa vai!
Não sou muito dessa história
De ter um ligeiro flerte:
Ou namoro de verdade,
Ou então não me diverte.
Em casa o drama é tremendo
Quando se fala em namoro.
Eu saio sempre perdendo
E abro logo no choro.
Já dizia minha avó,
Mulher bonita e sabida:
“Mais vale esposa infeliz
Do que freira arrependida.”
Emir Bemerguy, 15/5/1967.
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